Com
as passagens de ônibus comprada antecipadamente era grande a expectativa para a
realização da travessia no feriadão de Corpus Christi. O dia havia amanhecido
com nevoeiro denso, de início fiquei com pé atrás, será que ia melar a
brincadeira? Segundo o Elcio era sinal de que o tempo estaria perfeito, a
tendência era ela se dispersar e limpar completamente o tempo.
Embarcando
no bus na rodoviária as 07:15h ele rapidamente chegava a entrada após o posto
do Tulio na BR116 as 08:00h, início da aventura. Não demorando muito após o
início da caminhada, conseguimos carona com o tiozinho da fazenda do Bolinha
que passava pela estrada, carona bem-vinda já que teríamos uma longa jornada até
o destino final de tudo, sem contar as risadas que dávamos com os causos
contado por ele das diversas situações que ocorrem diariamente na fazenda.
Inicio da Aventura (BR116)
Já
na fazenda, após carregar as mochilas com algumas laranjas e trocar idéia com
alguns conhecidos que encontramos por ali, partíamos a exatamente 09:00h para o
primeiro alvo do dia, o Ciririca.
Fazenda da Bolinha
Como
previsto pelo Elcio o céu estava limpando e anunciando o tempo perfeito que
teríamos pela frente e em meras 5h de caminhada alcançaríamos o cume do velho
ranzinza como é conhecido o Ciririca, ou não tão mais ranzinza como antigamente,
fato comprovado depois da limpeza que fizeram na trilha até seu cume.
Placa de sinalização
Vista da subida ao Ciririca
Ciririca
O
tempo era perfeito e tudo saia como planejado, a visão das montanhas na região
era perfeita, inclusive o Marumby parecia um vulcão expelindo fumaça das
entranhas.
Pico Paraná, Camelos e Tupipia visto do Ciririca.
Marumby expelindo fumaça
Realizado
o registro no caderno e de pança cheia partíamos aos próximos objetivo, a
descida do Ciririca não foi tão fácil como a subida, trilha úmida, escorregadia
e algumas corda nada confiáveis, não demorou muito para eu pagar miojo com um
tombo bonito de se ver. Perguntado se eu estava machucado, respondi que só o
meu ego, com apenas alguns ralado e arranhões prosseguimos trilha abaixo e logo
encontramos a bifurcação do segundo alvo do dia, o Agudo Lontra.
Agudos (Lontra-Cotia-Cuíca) visto do Ciririca
Inicio da descida do Ciririca aos Agudos
A
subida do Lontra foi tranquila e não demorando muito, estávamos no cume
apreciando o visual que tínhamos no Agudo da Cotia, uma visão fora do normal,
só estando lá para descrever.
Agudo Lontra
Deixando
a caixa de cume do Lontra e seu caderno assinado, partíamos ao terceiro
objetivo do dia, analisamos o GPS saímos quebrando mato no peito, em pouco
tempo estávamos na trilha em direção ao Agudo da Cotia confirmando assim a
viabilidade da construção da primeira parte da InterAgudos.
Cume do Agudo Lontra
Trajeto aproximado da rota nova Agudo Lontra-Cotia
No inicio da subida ao Agudo da Cotia apreciávamos o por do Sol que dava espetáculo e as
19h estávamos em seu cume curtindo o céu estrelado e uma Lua
espetacular. Com os bivaques devidamente arrumados, fomos brincar com as
lanternas, ou melhor dizendo, farolete de tão potente era a lanterna que o
Elcio carregava. Foi sinalizar uma única vez que as respostas chegam de todos
os cantos, Marumby, Tucum, Ciririca, PP.
Por do Sol (Agudo da Cotia)
Nascer do Sol (Agudo da Cotia)
Bivaque no Agudo da Cotia
Curitiba visto do Agudo da Cotia
Caderno de Registro Agudo da Cotia
Tendo
uma noite bem descansada as 08h deixávamos o Cotia em direção ao Cuíca, após
enfrentar diversas quiçaças e um mar de Caraguatás as 11:50h chegávamos no cume
do Agudo Cuíca, finalizando com sucesso a InterAgudos.
Agudo da Cotia visto do trajeto ao Cuíca
Agudo Cuíca ao fundo
Mar de Caraguatá na subida ao Cuíca
Caderno de Registro (Agudo Cuíca)
Tangará - Cotoxós e Arapongas visto do Agudo Cuíca
Vale em direção ao rio Xexelento visto do Agudo Cuíca
Agora
era tocar sentido Graciosa, a estratégia era simples, descer o vale sentido
Marmota até o rio e ir até o Forquilha, simples assim, simples se não fosse os
bambus, unha de gato, Caraguatá, cipó de tudo que é tipo que haviam na região,
sem contar que de vez em quando no meio do caminho tinha todos estes obstáculos
ao mesmo tempo para dificultar a chegada ao rio.
Chegando
ao rio, ao invés do caminho melhorar, só piorava, era diversas árvores caída e
gretas que não acabava mais, a dificuldade foi tão grande para percorrer que o
rio foi apelidado de Rio Xexelento.
O
alivio só veio ao encontrar o Rio Forquilha, ali até a Garganta 235 foi como um
passeio no parque, visto pelo que havíamos passado anteriormente, não demoramos
muito estávamos no acampamento Lima para mais uma pernoitada e com ideia de uma
sobremesa para finalizar a travessia.
Registro na Garganta 235°
Acampamento Lima
Com
mais uma noite de descanso perfeito, o dia amanhecia perfeito, e logo estávamos
de pé na tentativa de mais uma investida inédita, tentaríamos uma rota nova até
São João da Graciosa. Tentativa em vão, início da trilha que se mostrava como
bosque logo virava em algo pior que o mar de Caraguatá do Cuíca, em 1h de
caminhada havíamos percorrido apenas 1km pela Crista que levaria ao destino
final. A quiçaça era tanta que resolvemos abortar a missão e completar o
restante do percurso até o marco 22 na Graciosa.
Com
muito sofrimento voltamos a trilha próximo ao acampamento Lima, após um breve
descanso estávamos partindo embora, mas mal iniciamos a caminhada de retorno
nos deparávamos com dois sujeitos no meio do nada, um deles carregava uma
bateia, com uma ferramenta desse tipo nem é preciso descrever o que eles
estavam a procura naquela região.
Após
algum tempo conversando com os indivíduos nos despedíamos e tocaríamos embora,
não demorava muito estávamos no Salto Mãe Catira apreciando aquela cachoeira e
mais rápido ainda chegaríamos ao marco 22 dando de cara com o Desnucado, sempre
recepcionando quem passa por ali.
Salto Mãe Catira
Estrada da Graciosa (Marco 22)
Estando
na Graciosa agora a preocupação era conseguir lugar no ônibus para a volta a
Curitiba, pois estando no quiosque do recanto Eng. Lacerda se reabastecendo com
caldo de cana, um motorista ônibus fretado havia mencionado que Morretes estava
entupida de turistas, daí a preocupação de conseguir lugar para a volta.
Saímos
do recanto rapidamente até o rio do Corvo para um banho de gato, do contrário,
mesmo com lugar no ônibus o motorista não deixaríamos entrar pela catinga da
caminhada do dia todo, até brincaríamos que a catinga era tanta que as macumbas
do rio do Corvo se afastariam de nós. De banho tomado seguiríamos até o bar do
Bigode, lá aguardaríamos a chegada do ônibus com os dedos cruzado para haver
vaga, do contrário teríamos que seguir até a BR116 e torcer por haver vaga nas
linhas que vinham de Registro.
Após
uma espera interminável apontava na estrada o bus, ao fazer a parada o
motorista pedia para aguarda, pois iria conferir se restava algum lugar, e para
nossa alegria e surpresa era anunciado que restavam duas vagas no ônibus, até
parecia bruxaria a perfeição de como terminaríamos a travessia. Agora era
relaxar no bus até Curitiba e planejar a pizzada do dia seguinte para comemorar
o sucesso da 1ª InterAgudos.
Texto: Raffael Galápagos
Fotos: Elcio Douglas
Uauuu!!! Caminhada de respeito, relato muito bem elaborado. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado Anderson..
ExcluirMuito bom, onde vimos o agir de Deus.
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