Ideia inicial de ir ao Pico
Luar era apenas um bate volta, sendo todo o trajeto via Tucum, criado evento,
galera toda animada, quando percebemos íamos em 13 pessoas para esta aventura,
juntamente comigo (Ana Caron, Carol, Jaque, Joel, Joyce, Maiqui, Diogo, Elvis,
Leonardo, Suelem, Lany e Guilherme).
Acordado desde as 04h da
madrugada as 05h Leonardo chega em casa e partimos ao encontro do restante da
galera. Pessoal todo reunido no local de encontro tocamos para a Fazenda do
Bolinha, após algumas fotos e conversa jogado fora as 07:40h da manhã partimos
em direção ao nosso primeiro objetivo, o Camapuã com seus 1711 metros de
altitude.
Galera Reunida partindo da Fazenda do
Bolinha. Foto: Suelem Feliczaki
O dia prometia, sem previsão
de chuva e sem estar aquele calor insuportável, a trilha possuía um ar
agradável, o que nos favoreceu durante o inicio do percurso e logo fomos
ganhamos altitude e sendo agraciado pelo canto das Arapongas (Procnias nudicollis).
A trilha percorre o vale do
ribeirão Samambaia, acompanhando suas margens, no sentido sudeste, cruzando-o
seis vezes sendo que em uma parte do percurso o leito da trilha se torna o
próprio leito do Samambaia. Chegando à parte mais alta do vale do ribeirão
Samambaia, a trilha se bifurca: Neste ponto as trilhas levam ao pico Ciririca e
a Pedra Branca do Ibitiraquire enquanto que,
subindo pela face sul, acompanhando o divisor de águas (parte mais alta do
relevo que separa dois rios), chega-se no pico Camapuã.
Araponga (Procnias nudicollis) nos recepcionando com seu
belo canto. Foto: Diogo Souza
Bifurcação para as trilhas do
Camapuã, Ciririca e Pedra Branca do Ibitiraquire. Foto: Raffael Galápagos
Não demorou muito estávamos na
interminável rampa do Camapuã, com apenas algumas nuvens de passagem ao redor
era possível avistar a Pedra Branca do Ibitiraquire, Ciririca e o
nosso objetivo principal, o Pico Luar.
Pedra Branca do Ibitiraquire ao
fundo. Foto: Cristopher Melinski (Maiqui)
Ciririca. Foto:
Leonardo Costa.
A rampa do Camapuã por ter
certo declive sempre deixa boas lembranças devido ao esforço realizado por quem
quer que percorra aquele trajeto, porem, o esforço é recompensado ao chegar ao
cume, e quem não ficaria com toda aquela beleza dos campos de altitude que o
lugar proporciona.
Vista do cume do
Camapuã. Ao fundo entre as nuvens Pico Paraná, à direita Tucum e a esquerda
Itapiroca. Foto: Leonardo Costa
Após algum tempo de descanso
curtindo o visual partimos seguindo para sudeste a partir do pico Camapuã e
acompanhando outro divisor de águas em direção Tucum, só que ninguém esperava é
que os sinais que recebemos no Camapuã ia se concretizar, butucas e mais
butucas começavam a nos persegui, para quem passava repelente a torcida era que
aquilo não virasse tempero pra elas.
Mesmo com esses insetos
incomodando não tirava o animo do pessoal, que ainda brincavam com o eco
proporcionado pelas rochas da montanha e logo nos refrescaríamos com água
fresca da gruta logo acima onde nos reabasteceríamos.
No Tucum (1720 metros de
altitude) não ficamos muito tempo, logo partimos ao Vale dos Perdidos, mas
antes era necessário encarar uma verdadeira ladeira nos fundos da montanha, com
todo cuidado, a fim de evitar efeito dominó caso alguém caísse à galera desceu
até o vale e tocamos mata a dentro.
Descida do Tucum ao
Vale dos Perdidos. Foto: Suelem Feliczaki
Saindo do Vale, por volta do
meio dia, paramos e comemos aproveitando o tempo que o Sol havia dado uma
trégua e algumas poucas nuvens de chuva pairavam sobre nós.
Com o estomago devidamente
forrado retornamos a trilha, ou melhor, tentamos decifrar os vários caminhos de
rato que foram abertos pelo caminho. Acredito que as trilhas foram uma
tentativa de chegar ao Papa-léguas por outra face da montanha, seria até uma
tentativa válida, visto que após a quiçaça daquelas bandas teria novamente
campos de altitude.
Pra quem não conhece, o
Papa-Léguas é um amontoado de rocha que lembra a armadilha do personagem de
desenho animado Coiote na tentativa de pegar a ave Papa-léguas. Estas rochas
ficam em um altiplano que é uma extensão do Pico Luar com (proeminência com menos de 50m).
Vale
dos Perdidos. Destaque a marcação da fita do Alpha Crucis (Maior travessia
entre montanhas no Brasil). Foto: Guilherme Athaides Guimarães.
Mal percorremos a trilha
pelos campos já nos deparamos com vários caraguatás na parte onde a vegetação é
mais densa, com alguns cortes e arranhões como se estivesse brigado com um gato
nos aproximávamos mais do famoso Papa-Léguas.
Enquanto alguns descansavam e
fotografavam partimos eu e a Carol em direção àquela formação que lembra a armadilha
do coiote pra pegar o papa-léguas, no caminho deparamos com alguns buracos
escondido pela vegetação, armadilha fatal pra se conseguir uma torção ou até
mesmo fratura mais séria. Chegando lá não quisemos nos aventurar em escalar
aquelas rocha, pois nosso objetivo estava próximo e uma queda ali não seria bem
vinda.
Pedra do Coiote ou Papa-Léguas. Foto:
Joyce Pires Araújo
Ciririca visto do Papa-Léguas: Foto:
Joyce Pires Araújo
Voltando a trilha original à
galera já havia se mandado em direção ao Luar, estavam mais da metade do
caminho, seguimos no rastro deles e logo estávamos todos reagrupados.
A
direita Pico Araponga. Foto: Cristopher Melinski (Maiqui)
Enfim conquistamos nosso
objetivo, entre mortos e feridos a felicidade pela conquista era geral, agora
pensávamos em como deixaríamos o registro na caixa de cume, sendo que o mesmo
não contava com caderno nem canetas após sugerirem em relatar em uma tira de
papel higiênico apareceram com duas folhas de anotação.
Anotação do registro da galera: Foto: Suelem Feliczaki
Caixa de cume Pico Luar: Foto: Raffael
Galápagos
Pedra Branca do Ibitiraquire visto
do Pico Luar. Foto: Leonardo Costa
Devidamente registrada era a hora de voltar
embora, só de lembrar a ladeira que teríamos que subir pelo Tucum arrepiava o
pessoal, nesta hora eu e o Joel já maquinávamos de voltar em direção à Última
Chance (trilha que leva ao Ciririca) passando pelo Siri. Foi unânime a decisão
de ir por ali, à volta até então foi super agradável, caminhar por aqueles
campos de altitude é uma sensação fora do normal, ainda mais sabendo que não
teríamos que encarar a encrenca das montanhas vizinhas por qual viemos.
Não demorou muito estávamos novamente
caminhando pela floresta, acompanhando riacho que nos levaria as encosta do
Siri, esta trilha por sua vez é bem batida porem muito sombria, ainda mais
quando havia nevoeiro. Mesmo sendo uma trilha batida e com marcação, alguns
pontos sempre nos leva ao chamado sacizeiro (trilha do saci) trilha falsa.
O que seria mais inusitado com uma trilha
sombria como aquela foi ver que em certo momento todos que estavam caminhando
atrás de mim estavam chupando pirulito verde, na hora achei cômico, até pensei
que foi algum ser da floresta que apareceu e distribuiu ao pessoal, até
que comentaram que foi a Joyce a
benfeitora da turma.
Trilha Sombria em direção ao Siri. Foto:
Cristopher Melinski (Maiqui)
Logo estaríamos ganhando
altitude novamente e se deparando com o Siri, infelizmente a visão foi pouco
devido às nuvens que passariam por nós, acabamos passando direto lá, sem fazer
pausa pra foto ou algo do gênero.
Descendo o Siri logo
estaríamos no Ultima Chance ainda durante o dia, alivio por que dali em diante
era quase 100% de estar em casa por conhecer bem a trilha. Não demorou muito
estávamos descansando e preparando psicologicamente pra parte final da trilha.
Partindo do Ultima Chance
algumas pessoas já demonstravam cansaço ainda mais pelo fato da trilha ser
longa e a fazenda estar algumas boas horas de caminhada, trilha longa porem bem
sinalizada e aberta, alguns trecho sempre com algumas árvores caída, mas nada
que aumente o nível de dificuldade da trilha.
Cachoeira do Professor fotografado a
noite. Foto: Leonardo Costa
Realizado mais uma pausa
tocamos com cuidado trilha acima tomando cuidado com as roubada que a noite e o
cansaço nos pregavam durante a trilha até que finalmente encontramos as cordas
pra escalar, pois a partir dali sabia que a caminhada estava ficando mais
curta. Enquanto alguns se aventuravam pela corda Leonardo como sempre guiou a
turma pra contornar este obstáculo. Não demorou muito estávamos no topo do
morro, um espaço aberto e plaino onde se pode acampar, chegando ali não pensei
duas vezes, cai no chão e quase dormi, o silencio na mata e as luzes das
estrelas que pouco davam as caras entre a copa das árvores só foram quebrada
com a chegada do restante do pessoal. Mais uma pausa para o lanche, pois saco
vazio não para em pé, estávamos descendo rumo ao poço das fadas, chegando ali
via bem o cansaço do pessoal, quase todos pensando, o que estou fazendo aqui,
mas agora faltava pouco até a bifurcação da fazenda com o Camapuã.
Alcançado a bifurcação outra
surpresa enquanto aguardávamos o restante do pessoal, uma voz vindo da trilha
do Camapuã pedia ajuda, gritava que um deles havia sido mordido por cobra,
neste instante alguns até pensaram que poderia se tratar de armadilha pra
assalto e recuaram, mas naquele horário entre meia noite e uma da manhã, achava
difícil, ou até raro que fosse algo assim.
O grupo que se deslocava do
Camapuã não se demorou a chegar a bifurcação, de fato uma menina que estava com
eles havia pisado em uma cobra e levado a mordida, relatou que o pé estava inchado,
pouco dolorido e dormente, quanto a cobra só mencionou que a cor dela era cinza
ou marrom não conseguindo identifica-la, de certa forma sorte por não
identifica-la, como sempre dizemos, se está conseguindo ver os detalhe dela pra
saber se é venenosa ou não já está perto suficiente pra ser vitima dela, após
algumas orientações a vitima continuamos a peregrinação até a fazenda.
Finalmente chegamos a
Fazenda do Bolinha, isto por volta das 02h da madrugada, neste momento só
faltava a última parada antes de ir pra casa, passar pelo Tio Doca comer uma coxinha
e beber algo bem gelado, com estomago forrado novamente só restava chegar em
casa e tomar aquele banho quente e demorado, estando em casa me dei conta do
horário, já passada das 05h da madrugada, fazia 25h que estava acordado, porem
vivo hehehe.
Texto de Raffael Galápagos