sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Pico do Luar. (24/01/2015)

Ideia inicial de ir ao Pico Luar era apenas um bate volta, sendo todo o trajeto via Tucum, criado evento, galera toda animada, quando percebemos íamos em 13 pessoas para esta aventura, juntamente comigo (Ana Caron, Carol, Jaque, Joel, Joyce, Maiqui, Diogo, Elvis, Leonardo, Suelem, Lany e Guilherme).

Acordado desde as 04h da madrugada as 05h Leonardo chega em casa e partimos ao encontro do restante da galera. Pessoal todo reunido no local de encontro tocamos para a Fazenda do Bolinha, após algumas fotos e conversa jogado fora as 07:40h da manhã partimos em direção ao nosso primeiro objetivo, o Camapuã com seus 1711 metros de altitude.

 Galera Reunida partindo da Fazenda do Bolinha. Foto: Suelem Feliczaki

O dia prometia, sem previsão de chuva e sem estar aquele calor insuportável, a trilha possuía um ar agradável, o que nos favoreceu durante o inicio do percurso e logo fomos ganhamos altitude e sendo agraciado pelo canto das Arapongas (Procnias nudicollis).
A trilha percorre o vale do ribeirão Samambaia, acompanhando suas margens, no sentido sudeste, cruzando-o seis vezes sendo que em uma parte do percurso o leito da trilha se torna o próprio leito do Samambaia. Chegando à parte mais alta do vale do ribeirão Samambaia, a trilha se bifurca: Neste ponto as trilhas levam ao pico Ciririca e a Pedra Branca do Ibitiraquire enquanto que, subindo pela face sul, acompanhando o divisor de águas (parte mais alta do relevo que separa dois rios), chega-se no pico Camapuã.

Araponga (Procnias nudicollis) nos recepcionando com seu belo canto. Foto: Diogo Souza

Bifurcação para as trilhas do Camapuã, Ciririca e Pedra Branca do Ibitiraquire. Foto: Raffael Galápagos

Não demorou muito estávamos na interminável rampa do Camapuã, com apenas algumas nuvens de passagem ao redor era possível avistar a Pedra Branca do Ibitiraquire, Ciririca e o nosso objetivo principal, o Pico Luar.

Pedra Branca do Ibitiraquire ao fundo. Foto: Cristopher Melinski (Maiqui)

Ciririca. Foto: Leonardo Costa.

A rampa do Camapuã por ter certo declive sempre deixa boas lembranças devido ao esforço realizado por quem quer que percorra aquele trajeto, porem, o esforço é recompensado ao chegar ao cume, e quem não ficaria com toda aquela beleza dos campos de altitude que o lugar proporciona.

Vista do cume do Camapuã. Ao fundo entre as nuvens Pico Paraná, à direita Tucum e a esquerda Itapiroca. Foto: Leonardo Costa

Após algum tempo de descanso curtindo o visual partimos seguindo para sudeste a partir do pico Camapuã e acompanhando outro divisor de águas em direção Tucum, só que ninguém esperava é que os sinais que recebemos no Camapuã ia se concretizar, butucas e mais butucas começavam a nos persegui, para quem passava repelente a torcida era que aquilo não virasse tempero pra elas.
Mesmo com esses insetos incomodando não tirava o animo do pessoal, que ainda brincavam com o eco proporcionado pelas rochas da montanha e logo nos refrescaríamos com água fresca da gruta logo acima onde nos reabasteceríamos.
No Tucum (1720 metros de altitude) não ficamos muito tempo, logo partimos ao Vale dos Perdidos, mas antes era necessário encarar uma verdadeira ladeira nos fundos da montanha, com todo cuidado, a fim de evitar efeito dominó caso alguém caísse à galera desceu até o vale e tocamos mata a dentro.

Descida do Tucum ao Vale dos Perdidos. Foto: Suelem Feliczaki

Saindo do Vale, por volta do meio dia, paramos e comemos aproveitando o tempo que o Sol havia dado uma trégua e algumas poucas nuvens de chuva pairavam sobre nós.
Com o estomago devidamente forrado retornamos a trilha, ou melhor, tentamos decifrar os vários caminhos de rato que foram abertos pelo caminho. Acredito que as trilhas foram uma tentativa de chegar ao Papa-léguas por outra face da montanha, seria até uma tentativa válida, visto que após a quiçaça daquelas bandas teria novamente campos de altitude.
Pra quem não conhece, o Papa-Léguas é um amontoado de rocha que lembra a armadilha do personagem de desenho animado Coiote na tentativa de pegar a ave Papa-léguas. Estas rochas ficam em um altiplano que é uma extensão do Pico Luar com (proeminência com menos de 50m).

Vale dos Perdidos. Destaque a marcação da fita do Alpha Crucis (Maior travessia entre montanhas no Brasil). Foto: Guilherme Athaides Guimarães.

Mal percorremos a trilha pelos campos já nos deparamos com vários caraguatás na parte onde a vegetação é mais densa, com alguns cortes e arranhões como se estivesse brigado com um gato nos aproximávamos mais do famoso Papa-Léguas.
Enquanto alguns descansavam e fotografavam partimos eu e a Carol em direção àquela formação que lembra a armadilha do coiote pra pegar o papa-léguas, no caminho deparamos com alguns buracos escondido pela vegetação, armadilha fatal pra se conseguir uma torção ou até mesmo fratura mais séria. Chegando lá não quisemos nos aventurar em escalar aquelas rocha, pois nosso objetivo estava próximo e uma queda ali não seria bem vinda.

Pedra do Coiote ou Papa-Léguas. Foto: Joyce Pires Araújo

Ciririca visto do Papa-Léguas: Foto: Joyce Pires Araújo

Voltando a trilha original à galera já havia se mandado em direção ao Luar, estavam mais da metade do caminho, seguimos no rastro deles e logo estávamos todos reagrupados.

A direita Pico Araponga. Foto: Cristopher Melinski (Maiqui)

Enfim conquistamos nosso objetivo, entre mortos e feridos a felicidade pela conquista era geral, agora pensávamos em como deixaríamos o registro na caixa de cume, sendo que o mesmo não contava com caderno nem canetas após sugerirem em relatar em uma tira de papel higiênico apareceram com duas folhas de anotação.



Anotação do registro da galera: Foto: Suelem Feliczaki

Caixa de cume Pico Luar: Foto: Raffael Galápagos

Pedra Branca do Ibitiraquire visto do Pico Luar. Foto: Leonardo Costa

Devidamente registrada era a hora de voltar embora, só de lembrar a ladeira que teríamos que subir pelo Tucum arrepiava o pessoal, nesta hora eu e o Joel já maquinávamos de voltar em direção à Última Chance (trilha que leva ao Ciririca) passando pelo Siri. Foi unânime a decisão de ir por ali, à volta até então foi super agradável, caminhar por aqueles campos de altitude é uma sensação fora do normal, ainda mais sabendo que não teríamos que encarar a encrenca das montanhas vizinhas por qual viemos.
Não demorou muito estávamos novamente caminhando pela floresta, acompanhando riacho que nos levaria as encosta do Siri, esta trilha por sua vez é bem batida porem muito sombria, ainda mais quando havia nevoeiro. Mesmo sendo uma trilha batida e com marcação, alguns pontos sempre nos leva ao chamado sacizeiro (trilha do saci) trilha falsa.
O que seria mais inusitado com uma trilha sombria como aquela foi ver que em certo momento todos que estavam caminhando atrás de mim estavam chupando pirulito verde, na hora achei cômico, até pensei que foi algum ser da floresta que apareceu e distribuiu ao pessoal, até que  comentaram que foi a Joyce a benfeitora da turma.

Trilha Sombria em direção ao Siri. Foto: Cristopher Melinski (Maiqui)

Logo estaríamos ganhando altitude novamente e se deparando com o Siri, infelizmente a visão foi pouco devido às nuvens que passariam por nós, acabamos passando direto lá, sem fazer pausa pra foto ou algo do gênero.
Descendo o Siri logo estaríamos no Ultima Chance ainda durante o dia, alivio por que dali em diante era quase 100% de estar em casa por conhecer bem a trilha. Não demorou muito estávamos descansando e preparando psicologicamente pra parte final da trilha.
Partindo do Ultima Chance algumas pessoas já demonstravam cansaço ainda mais pelo fato da trilha ser longa e a fazenda estar algumas boas horas de caminhada, trilha longa porem bem sinalizada e aberta, alguns trecho sempre com algumas árvores caída, mas nada que aumente o nível de dificuldade da trilha.

Cachoeira do Professor fotografado a noite. Foto: Leonardo Costa

Realizado mais uma pausa tocamos com cuidado trilha acima tomando cuidado com as roubada que a noite e o cansaço nos pregavam durante a trilha até que finalmente encontramos as cordas pra escalar, pois a partir dali sabia que a caminhada estava ficando mais curta. Enquanto alguns se aventuravam pela corda Leonardo como sempre guiou a turma pra contornar este obstáculo. Não demorou muito estávamos no topo do morro, um espaço aberto e plaino onde se pode acampar, chegando ali não pensei duas vezes, cai no chão e quase dormi, o silencio na mata e as luzes das estrelas que pouco davam as caras entre a copa das árvores só foram quebrada com a chegada do restante do pessoal. Mais uma pausa para o lanche, pois saco vazio não para em pé, estávamos descendo rumo ao poço das fadas, chegando ali via bem o cansaço do pessoal, quase todos pensando, o que estou fazendo aqui, mas agora faltava pouco até a bifurcação da fazenda com o Camapuã.
Alcançado a bifurcação outra surpresa enquanto aguardávamos o restante do pessoal, uma voz vindo da trilha do Camapuã pedia ajuda, gritava que um deles havia sido mordido por cobra, neste instante alguns até pensaram que poderia se tratar de armadilha pra assalto e recuaram, mas naquele horário entre meia noite e uma da manhã, achava difícil, ou até raro que fosse algo assim.
O grupo que se deslocava do Camapuã não se demorou a chegar a bifurcação, de fato uma menina que estava com eles havia pisado em uma cobra e levado a mordida, relatou que o pé estava inchado, pouco dolorido e dormente, quanto a cobra só mencionou que a cor dela era cinza ou marrom não conseguindo identifica-la, de certa forma sorte por não identifica-la, como sempre dizemos, se está conseguindo ver os detalhe dela pra saber se é venenosa ou não já está perto suficiente pra ser vitima dela, após algumas orientações a vitima continuamos a peregrinação até a fazenda.
Finalmente chegamos a Fazenda do Bolinha, isto por volta das 02h da madrugada, neste momento só faltava a última parada antes de ir pra casa, passar pelo Tio Doca comer uma coxinha e beber algo bem gelado, com estomago forrado novamente só restava chegar em casa e tomar aquele banho quente e demorado, estando em casa me dei conta do horário, já passada das 05h da madrugada, fazia 25h que estava acordado, porem vivo hehehe.




Texto de Raffael Galápagos 



5 comentários:

  1. Bela caminhada.
    Conseguiram marcar o track com gps ou nem tentaram?
    Abraço

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  2. Bela caminhada.
    Conseguiram marcar o track com gps ou nem tentaram?
    Abraço

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    1. Olá Marcio,
      Nem registramos o trajeto, pois já existe o track em vários sites deste caminho.
      Abcs

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  3. Show... ontem fui por baixo E voltei por cima... subi a rampa do Tucum... animal

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